O mito da preguiça baiana, trabalho e racismo

Publicado em

Pierre Verger

A invenção da indolência 

Tese que denuncia o racismo embutido no mito da preguiça baiana vai sair em livro

Fabrício Marques

Certos baianos, quando são chamados de preguiçosos, tomam até como elogio. Dorival Caymmi e Gilberto Gil, por exemplo, assumiram com galhardia a malemolência que lhes é atribuída. A proverbial preguiça, argumentam, é um traço de identidade cultural da Bahia, expressão de um modo de vida em que o trabalho não precisa opor-se ao lazer. Segundo a tese O mito da preguiça baiana, defendida na Universidade de São Paulo (USP) em 1998 pela antropóloga Elisete Zanlorenzi, a origem desse estereótipo nada tem de benigno. Foi engendrado pela elite da Bahia com o objetivo de depreciar os negros, a maioria esmagadora da população local. Isso remonta aos tempos da escravidão e ganhou fôlego em reação à Lei Áurea. Defendida em 1998, a tese teve repercussão dentro e fora do ambiente acadêmico, mas só agora será publicada na forma de livro, com lançamento programado para o final do ano.

A obra sustenta que a vida tranqüila e a famosa aversão ao trabalho atribuídas aos baianos não têm base na realidade. Elisete foi pesquisar, por exemplo, a relação entre o calendário de festas na Bahia e o comparecimento ao trabalho. Fez descobertas curiosas. Uma empresa com sede no Pólo Petroquímico de Camaçari, a 41 quilômetros de Salvador, registrou menos faltas de funcionários durante o Carnaval de 1994 do que sua filial de São Paulo. Outro dado eloqüente: no final dos anos 1980, entre as pessoas ocupadas na Região Metropolitana de Salvador, 50,4% trabalhavam mais de 48 horas semanais e 35,8% de 38 a 47 horas por semana. Não trabalham mais provavelmente porque não há mais trabalho. Entre as seis maiores regiões metropolitanas do país, Salvador é recordista em desemprego e em trabalho informal, fenômeno que atinge, com vigor especial, os 80% da população que são afro-descendentes.

De acordo com a antropóloga, a ladeira da Preguiça, no centro de Salvador, é símbolo do preconceito. Nos tempos da escravidão, e também depois dela, quem reclamava da íngreme travessia, carregando nas costas as mercadorias desembarcadas no porto, eram os negros – “preguiçosos” na visão desdenhosa dos brancos que, das janelas de seus sobrados, gritavam: “Sobe, preguiça!”. A intensa imigração nordestina nos últimos 50 anos fez o racismo vicejar no Sul e no Sudeste. Fora da Bahia, o termo “baiano”, segundo o Dicionário Houaiss, significa tolo, negro, mulato, ignorante e fanfarrão. E se refere a trabalhadores desqualificados oriundos de todos os estados do Nordeste. Como a estrada que conduziu o êxodo foi a Rio-Bahia, os imigrantes nordestinos foram em São Paulo e na região Sul indistintamente chamados de “baianos” – assim como muitos norte-americanos, desinteressados sobre o que acontece ao sul do Equador, confundem a capital do Brasil com Buenos Aires. “Depreciar os imigrantes nordestinos como preguiçosos era uma forma de excluí-los”, diz Elisete. Ela aponta dois grandes motores do preconceito: o descaso do governo com a capacitação dessa força de trabalho e a intolerância dos imigrantes europeus, que não queriam ser equiparados aos brasileiros pobres com quem disputavam o mercado de trabalho e o espaço urbano.

A tese de Elisete Zanlorenzi, professora da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, é mais festejada do que conhecida – daí a importância de sua publicação. Ela repercutiu bastante no final dos anos 1990. Até hoje resumos circulam em correntes na Internet, propagadas provavelmente por baianos briosos. Os textos de alguns e-mails foram reforçados com dados que nem sequer constam da tese, numa curiosa anônima colaboração com a pesquisa. “Há dados e até declarações entre aspas que não são minhas”, diz Elisete. “Todos os meses recebo e-mails de pesquisadores interessados em estudar o tema, por isso decidi cuidar da publicação”, diz. O sociólogo Octavio Ianni (1925-2004) – que participou da banca examinadora em 1998 – apontou, à época, a principal contribuição do trabalho: sugerir a atribuição de preguiça como uma forma sutil e escamoteada – porque risível e folclorizada – de racismo.

Descendente de italianos e alemães, a paulista Elisete mudou-se para o Nordeste no final dos anos 1970 e viveu em Salvador entre os anos de 1980 e 1984. Na capital baiana desenvolveu sua dissertação de mestrado, sobre o movimento popular do bairro do Calabar, uma antiga invasão de 8 mil habitantes que a especulação imobiliária tentava, em vão, banir de uma região nobre da cidade. Foi nessa época que o preconceito embutido na questão da preguiça lhe chamou a atenção pela primeira vez. Numa tarde de domingo, ficou impressionada com o que viu numa festa freqüentada por gente da elite de Salvador, políticos, advogados e empresários. “Eles começaram a reclamar da preguiça dos empregados negros, enquanto eram servidos por eles. Os negros eram os únicos que estavam trabalhando ali”, lembra.

Candomblé – Ela foi levantar as razões históricas do fenômeno. “Nem a Abolição da escravatura nem a industrialização foram capazes de inserir grandes contingentes afro-descendentes de Salvador no mercado de trabalho formal”, diz a antropóloga. Até recentemente, os negros permaneceram alijados dos melhores empregos e das atividades mais bem remuneradas da Bahia. Trabalhavam, em sua maioria, no mercado informal, a exemplo do pequeno comércio, da prestação de serviços, de atividades desqualificadas. “Salvador vivia mergulhada em relações tradicionais e muitos de seus bairros tinham vida quase independente”, afirma. Isso só começou a mudar a partir dos anos 1960, com a instalação do Centro Industrial de Aratu e, mais acentuadamente, nos anos 1970 com a instalação do Pólo Petroquímico de Camaçari, que absorveu a mão-de-obra local, ajudando a forjar uma pioneira classe média afro-brasileira. “Mas a visão capitalista sobre o valor do tempo e o significado do trabalho, estampada na imagem do tempo é dinheiro, não conseguiu modificar as relações cotidianas nem retirar dos espaços das relações de trabalho uma dosagem de afetividade”, afirma a antropóloga.

Paralelamente, tomou corpo a face simpática da preguiça. Ary Barroso e Dorival Caymmi, ao descreverem uma Salvador das primeiras décadas do século 20, ajudaram a construir uma imagem exótica e paradisíaca, que ganhou o mundo no filme Você já foi à Bahia? (1945), de Walt Disney. Não era uma imagem inventada. O valor que o tempo e o trabalho têm para os baianos, diz a tese, é fortemente influenciado pelo candomblé. “As obrigações, na filosofia do candomblé, são algo que se escolhe, que não se faz forçado”, afirma Elisete. “No fundo, vem da tradição africana o conceito de que o trabalho não é o foco principal da vida, que trabalho e lazer não se opõem. O que não significa que as pessoas não trabalhem. Ao contrário, trabalham muito, mas sem colocarem o trabalho como objetivo central da existência e cuidando muito das relações que ocorrem fora da esfera do trabalho”, comenta.

A tese se debruça sobre o conceito de tempo na Bahia. Afirma que, embora as relações formais sejam pautadas pelo relógio, ou seja, respondam à lógica capitalista do tempo, as relações informais seguem um tempo maleável. “Muitas pessoas em Salvador não usam relógio”, observa Elisete. “Esse fato poderia ser justificado pelo baixo poder aquisitivo da população, mas a questão vai além desse aspecto, porque não é um bem que custe caro. Se fosse imprescindível, o relógio certamente seria mais usado.” Entre um encontro e outro, observa a tese, pode ocorrer um terceiro, e as pessoas que marcaram o encontro sabem que a rigidez dos horários está exposta ao imprevisto. “O que a mentalidade utilitária e rígida concebe como atraso, na visão afro-descendente baiana aparece como uma possibilidade de ocorrência”, afirma a antropóloga.

A cigarra e a formiga – O estudo é pontilhado por entrevistas com personagens da Bahia, como João Jorge, diretor do grupo Olodum, Vovô, diretor do Ilê-Ayê, Normando, diretor do Centro de Cultura Popular, e Júlio Braga, antropólogo da Universidade Federal da Bahia. “Todos afirmaram que o trabalho é uma esfera importante da vida, mas que a vida não se resume ao trabalho, já que o lazer, a família e os amigos são importantes”, lembra Elisete. “Normando disse que a fábula da cigarra e da formiga é uma invenção da mentalidade ocidental, sem nenhum vínculo com a matriz africana.”

Como ninguém, o compositor Dorival Caymmi encarnou a imagem do baiano malemolente. Não há dúvidas de que seu temperamento tranqüilo e maroto condiz com a imagem – daí a chamá-lo de preguiçoso vai uma distância imensa. “Ele sempre acordou cedo e, mesmo quando trabalhava à noite, fazia questão de sentar-se à mesa do café da manhã com os filhos”, diz a biógrafa e neta do compositor, Stella Caymmi. Forjou mais de uma centena de canções, foi um batalhador pela legislação dos direitos autorais, mas gostava de cultivar a fama de preguiçoso. Para recusar compromissos que não tinha tempo para prestigiar, respondia simplesmente que não podia ir porque era preguiçoso. Numa das primeiras propagandas de que fez, de um rum, em 1957, Caymmi já aparecia tocando violão aboletado numa rede. Nada mais falso. Caymmi, conta a neta Stella, nunca gostou de redes. Apreciava, isso sim, cadeiras de balanço.

Especiaria – Os tropicalistas Gal Costa, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil incorporariam, mais tarde, a imagem da preguiça baiana. “Era um jeito de dizer que eram diferentes, que não pertenciam àquele mundo urbano aonde estavam chegando”, diz Elisete. Entrevistado pela pesquisadora, Gilberto Gil explicou: “A preguiça é uma especiaria que a Bahia oferece ao Brasil. A preguiça produz de forma inusitada, ela produz benefícios inimagináveis. Ela vence os obstáculos pela capacidade de contorná-los e não de atravessá-los diretamente… é a água, é o feminino, é o obscuro. Eu sou adepto dessa visão, porque isso é a salvação do mundo”. Gilberto Gil, diga-se, nunca teve vida mansa. Quando se mudou para São Paulo, no início dos anos 1960, trabalhava numa empresa de dia e cantava à noite. Hoje, aos 62 anos, concilia os compromissos de ministro com a agenda de shows.

A indústria do turismo aprendeu a explorar esse filão para atrair multidões de estressados de todos os cantos do país. Quer descansar, vá à Bahia, a terra onde a festa nunca termina e ninguém se preocupa com o relógio. Isso começou nos anos 1960. Foi nessa época que a capital baiana passou por uma grande cirurgia urbana, com o objetivo de incrementar o turismo – e se descobriu que o mito da preguiça tinha apelo delicioso para os forasteiros. Desde então os baianos trabalham duro para criar uma ilusão capaz de entreter milhares de incautos. A ilusão de que, naquelas paragens, ninguém gosta de trabalhar.

Esta matéria foi publicada na revista Revista Fapesp nº 103

Retirado do Vi o Mundo

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Uma resposta »

  1. Agora nem na Bahia dá pra ter preguiça…

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    • Ludmila Fernandes

      A preguiça é livre em qualquer lugar do mundo, já o preconceito é crime e não deve ser tolerado!

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    • Pois é fornada, tem gente que nasceu para ser escravo e lamber botas de patrões… ou, mesmo que empresários, são escravos do dinheiro.
      O bom baiano, o baiano sabido, é preguiçoso, pois é inteligente. Sabe que essa vida é só uma e não vai perder seu tempo trabalhando. Desde que o iluminismo, com ajuda das igrejas (católica e protestante), embutiram na cabeça dos trouxas que o trabalho é um valor, tem um monte de bocó aí achando que o trabalho dignifica o homem…
      Quem tem conhecimento histórico não cai nesse conto da carochinha. Viva o malandro, viva o preguiçoso.
      Aliás, fazer “ciência”, “pesquisa” acadêmica, já é coisa de quem não entende bem o sentido da vida…

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      • Então parece que você já descobriu o sentido da vida! Ir vivendo,valorizar sua familia, amigos etc? a maioria das pessoas vem pro mundo e fazem isso, geração após geração vivendo da mesma maneira. Admiro as pessoas que praticamente abdicam uma vida feliz para buscar conhecimentos cientificos e de alguma forma entender e mudar o mundo. Não tenho nada contra os preguiçosos, aliás, todos somos preguiçosos por natureza,é dificil viver em um mundo onde se tem tão pouco aventuras, então a gente acaba se acomodando! Mas prefiro passar o meu tempo aprendendo coisas concretas.

  2. otimo. bem pedagogico

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  3. Na verdade, trata-se de puro preconceito contra nordestinos por pessoas do Sul e Sudeste, principalmente por descendentes de italianos e alemães que não presam e não conhecem a história do Brasil. Antes faziam piadas com os portugueses, ignorando que eles foram um grande povo, até o século 19. Tem também muito da carioca Rede Globo com receio da riquesa da cultura baiana.

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    • Discordo, João.
      Morei por 4 anos em Salvador e tanto eu quanto minha esposa sofremos discriminação por parte de baianos. Por causa de uma transferência de empresa fui parar lá.
      Fui criticado por ser do sul, por ser branquelo demais, por estar na Bahia “roubando o emprego” de um baiano…
      Tentaram me passar a perna em serviços sontratados sob o argumento de que “é paulista e paulista ganha bem”… enfim, foram 4 anos complicados, tres e meio dos quais tentando voltar pra SP.
      Hoje tenho poucos amigos baianos e nenhuma vontade de ir à Bahia, sequer para turismo.

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      • Não se pode generalizar sobre nenhum assunto, você foi infeliz na sua passagem aqui pela Bahia! No entanto você associa a Bahia somente a Salvador, há um grupo de pessoas com as quais você trabalhara, com concorrentes diretos um cargo de trabalho. A Bahia é imensa e não se restringe a apenas um grupo de pessoas. Procure saber de verdade como o povo baiano vive, quais as reais condições que estamos inseridos, e verá que não é bem assim. Enfim Eustaquio procure ver não só o povo baiano como todos os brasileiros pela sua essência e não generalize um povo por conhecer apenas uma parte dele.

      • Wagner, concordo quando diz que Eustaquio generalizou, porém fica difícil eu ir morar no Ceará por exemplo, e conhecer todos os cearenses. O julgamento pode ser feito através de uma minoria, afinal todas as pesquisas são feitas assim. Eu sou baiano, mas concordo que a Bahia é o estado mais brega e um dos mais incultos do Brasil. Axé, arrocha e esse pagode brabo diz muito quem é o baiano.

      • Eustáquio, cá estou eu me metendo por achar tão negativo o que você falou. Sou de Erechin, RS e nunca fui tão bem tratada em um lugar como na Bahia. Fui lá para trabalhar também, e veja como tudo tem dois lados – fui maravilhosamente acolhida tanto na minha empresa, quanto na cidade. Infelizmente depois de 3 ótimos anos fui transferida novamente pra Brasília(que também não reclamo), e sinto falta do calor acolhedor daquela terra. Você provavelmente se infiltrou em um lugar de trabalho concorrido, e claro, como todos os lugares tem pessoas ruins, é provável sim, que tenha conhecido uma ou duas pessoas de caráter ruim. Mas definir isso como a Bahia, meu caro, honestamente, até ME ofende!
        Queria eu ter o poder de te mostrar todas as belezas que conheci, conheci também muitos projetos turísticos maravilhosos, pessoas amáveis, muita gente que não era de lá também!
        Não posso voltar por agora, pq tenho mais 1 ano de contrato aqui, e nem posso viver lá para sempre, pois minha família esta em RS, mas o meu carnaval e o meu reveillon já tem destino certo todos os anos! Salvador, me aguarde!

      • Eustáquio, como alguns já comentaram em posts abaixo, vc pode ter sofrido descriminação no trabalho, ou em algum lugar, mas te pergunto uma coisa: será que não teve algum motivo para isso?, será que foi totalmente gratuito? os seus colegas de trabalho olharam para você e sua esposa e não gostaram de vc de cara e ai começaram a descrimina-los do nada, sem quer nem pra que?, duvido muito que isso tenha acontecido espontaneamente e tão gratuitamente como você coloca aqui. Nós baianos temos fama no mundo todo como um povo amigueiro, acolhedor e respeitador tenho certeza que em sua declaração tem alguma coisa que não nos foi revelados, com a palavra seus colegas de trabalho e vizinhos que conviveram com vcs de perto!!!!!

      • é fácil comparar 4 anos de discriminação de um paulista, com décadas de discriminação de milhões de nordestinos no sul e sudeste.

    • Antonio Carlos Ornellas Berriel

      O Carlos honestamente disse que é difícil morar no Ceará e conhecer todos os cearenses. Na Bahia também não conseguiu. Mas pela minoria que conheceu concluiu ser o seu estado o mais inculto do Brasil. Se ampliar seus horizontes de conhecimento vai tomar um susto.

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  4. Jose Reis Cerqueira

    Ainda existem pessoas sensatas e cultas, capazes de vergar o mito que confunde ócio criativo com preguiça. A inveja e o capital até podem, mas a história, jamais renegará à Bahia e aos baianos o berço esplendido da cultura brasileira.

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  5. Parabéns pelo texto, excelente. Que a raiz do preconceito nacional contra baianos e nordestinos é essa não é novidade, mas é ótimo que tenhamos trabalhos e textos em blogs para que haja a divulgação desta raiz histórica, em uma tentativa de reduzir um pouco o preconceito.

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  6. maria das graças machado da silva

    gostei, achei muito interessante!

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  7. Uma mentira contada várias vezes, ( para alguns ) torna-se verdade. Uma verdade negada, mascarada, nunca se “tornará” ela sempre será uma verdade!

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  8. Bom artigo sobre um tema poco falado como é o lazer, o descanso construtivo que não deixa de ser ativo.

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  9. Parece que as pessoas se sentem felizes ao dizerem que baiano é preguiçoso.Nós, baianos, nos sentimos humilhados porque não somos preguiçosos. O calor que nos induz a trabalhar com mais afinco porque não damos conta de tudo. O dia precisaria ter 48 horas para que tivéssemos tempo. É uma pena que pensem assim dos baianos.

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  10. Perfeito. Parabéns!

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  11. Ótimo artigo, concordo que essa visão da Bahia é uma questão cultural, muitas vezes alimentada por mitos de pessoas que foram à Bahia, ou que conhecem o estado de uma forma rasa. Quem conhece profundamente esta terra sabe que de preguiçoso o seu povo não tem nada. Eu, um baiano orgulhoso, agora tenho muito mais argumentos para debater com os ignorantes que ainda vou conhecer pelo caminho.

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  12. Para o pessoal do Sudeste, passou de Minas Gerais ora cima é Bahia, a região nordeste toda. Eu sou baiana amo a Bahia. Quem fala da Bahia é despeitado, falta-lhe amor pela sua terra, o que não acontece com os baianos em relação a a sua terra natal.

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  13. Faltou lembrar Raul Seixas e o seu “A formiga só trabalha porque não sabe cantar…”

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  14. Preguissa é o cacete! Aqui é trabalho. Muito bom artigo!

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  15. Me adicionou em muito ler esse material! Minha primeira viagem à Bahia (sou de São Paulo) me mostrou bastante desse choque da imagem fabricada do baiano contra a realidade. Tenho hoje o conceito de que nós, em São Paulo, somos muito mais preguiçosos, com nossa rotina de trabalho, casa, cama, trabalho, enquanto na Bahia não é incomum incluir nessa rotina alguma atividade social, cultural, ou de entretenimento antes do “cama”, mesmo em dias de semana, algo que por aqui é visto como impensável.

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  16. Muito bom mesmo. Pura ilusão de quem pensa que na Bahia não se trabalha!

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  17. Muito bom! lsso desmestifica a ideia q se tem dos baianos e consequentemente de nos nordestinos.

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  18. Uma coisa não me ficou claro: estou residindo a 16 anos, tive oportunidades de trabalhar com pessoas nascidas na capital, como do interior. E também por outras experiências, posso afirmar, que existem diferenças gritantes no comportamento e de comprometimento com o trabalho.
    E um outro ponto: é que ao trabalhar como informal, que acho ser um nº maior do que os empregos formais, pode conter outros vícios além do tema. Ou, o tema não explica bem este comportamento de não querer “responsabilidade de horários, normas, etc “

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  19. Mas se a cidade de São Paulo foi criada pelas mãos dos nordestinos, por que somos preguiçosos e eles não?

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  20. Matéria ótima seria bom que todos lesem para entender um pouco da Bahia, seu povo e seus costumes!! Parabéns Elisete.

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  21. na minha opinião toda essa tese não passa de um blá-blá-blá filosófico na vã tentativa de mascarar a realidade fática: BAIANOS SÃO SIM PREGUIÇOSOS! Sou mineiro, mas vivi em Salvador por cinco anos, onde amargurei nos preguiçosos corredores do Poder Judiciário e da Administração Pública baiana. Entretanto, não os discrimino por isso. Respeito a natureza deles. Eles são preguiçosos e deve-se respeitar isso. Se não gosta de preguiça, não vá para a Bahia.

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    • filho, o setor público é lento em qualquer lugar desse país. funcionários públicos são concursados e estatutários, e ainda não podem ser mal tratado, pois é crime. ou seja, vc não vai encontrar funcionalismo porco-publico apenas na Bahia

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      • filha, hoje sou funcionário público e digo, com propriedade, que a lerdeza e a morosidade da Administração Pública são elevadas à enésima potência na Bahia…o funcionalismo público não é ruim em todos os lugares, mas na Bahia certamente é, e isso em decorrência da naturalidade dos ocupantes de seus cargos.

    • Marcelo, muita gente de vários estados já me disseram que mineiro não é de confiança. Então, baixe o tom de voz. Já pensou o povo mineiro sendo chamado de falso ou traíra? Você iria gostar?

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  22. Perfeito! Serve principalmente para os Paulistas que carregam os mesmos esteriótipos aventados no presente artigo e ignoram que, por exemplo, loiro de olhos verdes com sobrenome português é descendente de nordestino. Não entendem que grupos intitulados neonazistas seriam exterminadores das suas próprias famílias se levado ao pé da letra sua sub-cultura ariana.
    Enfim, dar um passo para o futuro é reconhecer e repassar a história mesmo que esse passado seja banhado de sangue índio e negro ou mesmo carregada de preconceito.

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  23. Até que enfim uma visão lúcida do modo de ser do povo baiano, em geral e do soteropolitano em particular, que nada tem a ver com falta de vontade de trabalhar. O baiano curte a vida “comme il faut”. Lazer e trabalho são igualmente importantes para viver uma vida plena.
    Entendeu, meu rei?

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  24. Parabéns! Nosso modelo civilizatório é impar e poucos podem entender. De toda a forma, fomos capazes de virar esse jogo.

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  25. Ludmila Fernandes

    Excelente texto!!

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  26. Uma vez falei no meu trabalho que estava com preguiça e uma colega so faltou me engolir, disse que eu nao tinha compromisso, que eu nao sabia trabalhar em grupo. E eu falei isso, numa boa, sem peso, como se comenta com um amigo! E eu estava trabalhando em grupo, mas ela se fixou so no comentário.
    alguns segundos atrás

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  27. Amei ,não gosto de ser taxada como preguiçosa, até por que fomos nós os soteropolitanos e Nordestinos que fomos os propulsores para a construção do nosso Brasil tudo começa aqui,em Salvador, e com muita luta ,suor e garra, se vocês fizerem uma retrospectiva em nossa historia desde o descobrimento ,a revolta dos Alfaiates ,a revolta dos Malés, a Independência da Bahia ,onde fomos nós quem libertamos o Brasil da exploração de Portugal pôs fomos nós que escrevemos a historia desse pais.

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  28. francisco carlos azevedo melo

    resumindo.um dos sete pecados capitais: iveja principalmente de cariocas e paulistas.
    engraçado juntam dinheiro o ano todo para visitar a bahia. muito obrigado.

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  29. celso teixeira de almeida

    ONDE HÁ INTELIGÊNCIA DESTITUI-SE O PRECONCEITO E ILUMINA-SE AS IDÉIAS.

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  30. Parabéns! muito bom artigo..

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  31. Sou baiano mas nem por isso concordo que a questão seja, SOMENTE, de preconceito. 20 anos atrás, qual soteropolitano nunca foi atendido com a malemolência das balconistas das Farmácias Sant’anna? Quem nunca viu um repositor dos antigos mercados Paes Mendonça parecer trabalhar em câmara lenta?

    Não há nada de racismo nisso. Essas pessoas eram negras e desempenhavam funções com baixos salários, de pouca especialização ou necessidade de educação formal mais elaborada. E onde estavam as pessoas que acudiam a esses empregos? Óbvio que na população negra, historicamente descendente de escravos e, portanto, com pouco acesso a educação formal.e, por conseguinte, a empregos melhores remunerados.

    Baianos são muito trabalhadores em RJ e SP? Sim, claro, afinal, eles foram para lá TRABALHAR e ganhar dinheiro!

    Se o mito do baiano preguiçoso – ao menos em parte – foi criado pelas elites da Bahia para discriminar pessoas de baixa renda e/ou negros, porque não aconteceu o mesmo em Pernambuco, Ceará, Alagoas etc.?

    Sou baiano, classificado pelo IBGE como “pardo”, filho de pai descendente de portugueses e mãe descendente de escravos. Ambos estudaram até a antiga 4a. série primária. Por meu pai e e minhas 2 irmãs estudaríamos em escolas públicas, mas minha mãe fez questão de que tivéssemos um estudo bom, somente proporcionado pelas escolas particulares.

    Não sou “branco” nem sou “negro” e, na escola, era discriminado por garotos brancos, pelo cabelo “pichaim”, e pelos garotos negros, por ser “menino amarelo”. Nem por isso fiquei com traumas de infância ou necessito de cotas, bolsas etc.

    Responder
  32. Hoje em dia esses caras tiram essas conclusões que Baiano é preguiçoso pelo fato de ter muita disposição para festival de verão, chopada de medicina , muquifest, Ensaio de banda tal Carnaval, parada Gay que aqui vira Carnaval vaquejada de serrinha ate as manifestações que teve por todo Brasil aqui eu vi gente botando carro de som com pagodão tocando o povo dançando e protestando se é que é possível isso e por ai vai , todo feriado aqui é motivo de festa
    ae o povo se pergunta pow esses caras não trabalha não é

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  33. MAURICIO LORDÊLO

    ÓTIMO ARTIGO, DEVERIA SER LIDO POR ALGUNS CANTORES ANTES DE FALAREM BOBAGENS EM PLENO SHOW…

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  34. Ótimo artigo, embasado historicamente e esclarecedor, ara quem quer aprender. Para quem insiste em reproduzir o mito criado pela elite burguesa e referendado pela mídia, continue alienado…

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  35. Moro em Brasília tem alguns anos, e aqui tbm chamam baianos de preguiçosos. O povo é metido a trabalhador, mas vive reclamando de trabalhar, uma lástima os serviços.

    Quando cheguei, logo me assustei, aqui não existe atender cliente fora do horário de expediente como lá em Salvador, eles prezam o horário só que no sentido de si favorecer, todo comércio é pontual e vc sofre se precisar comprar algo fora do horário (se vai chegando ao ponto deles fecharem a porta, pois eles fecham a porta e falam que tá encerrado o atendimento). Em Salvador isso nunca aconteceria!

    Depois de perceber tantas outras diferenças e “postergação no trabalho”, “fui pra festa ontem e hj não aguento trabalhar, vou pegar atestado médico” ou mesmo “reclamações excessivas no dia-a-dia sobre querer férias”, hj jogo na cara de todos os que se atrevem chamar baianos de preguiçosos, que os brasilienses sim que são. E posso até afirmar que não muda muito para os paulistas, q são bem parecidos.

    Adorei o artigo, muita gente deveria ler!

    Sempre disse que depois de uma noite de Festival de Verão, nenhum baiano deixa de trabalhar no outro dia. Não é pq se tem muita energia para curtir o lazer e para trabalhar que significa que não trabalhe, ou não goste ou pior, que seja preguiçoso!

    Tudo pra baiano é festa sim, mas a festa não anula o trabalho!!!

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  36. DIVINA TESE! AOS QUE AINDA ASSIM, NÃO CONSEGUE ABSTRAIR O RECALQUE SÓ LAMENTO.

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  37. Rodrigo Oliveira Mota

    Esse texto embasado em fatos, comprova o que muita gente não sabia. O baiano é sim trabalhador, mas precisa um pouco de educação como todo o povo brasileiro. Urinar nas ruas, jogar lixo pelas janelas dos “buzús” e carros, fazem parte dos povos que nos “conquistaram”, agora, vamos investir na educação escolar e fazer dessa nova geração um povo esclarecido e civilizado.

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  38. Que maravilha de texto! Livro na cara dos preconceituosos, vão se informar!

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  39. Muita gente confundidno Salvador e Bahia.

    A midia sempre publica: “Festa na Bahia” quando esta acontecendo um procissao em uma rua de um bairro….

    Esteriotipos de colonia que se encontra em varios paises do mundo. Varios que ja morei!

    Somos tao jovens… apenas 500 anos. Isso faz parte do engatilhar de uma descolonizada nacao.

    (meu teclado nao ta colocando acentos! Desculpem vou consertar!)

    Otimo artigo!!

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